sábado, junho 24, 2006

Unfinished Life


Se a revolta me consumisse, acabaria com o mundo. A revolta que sinto cá dentro dava para dizimar países, continentes, planetas, sistemas solares, galáxias e universos. A vida não é fácil, mas daí a não termos nem um pouco do que merecemos... não está correcto. Continuo a cantar, em horas vagas, a "Pale", dos Within Temptation. O excerto "Have to fight, cause I know in the end it's worthwhile" começa a perder a força que outrora dava, mas não será por isso que deixarei de ouvir, gostar e (porque não?) continuar a acreditar. A vida é uma guerra, ganham-se batalhas, perdem-se outras tantas. Eu, deste lado, limito-me a assistir ao filme, incapaz, mas com a certeza que há pessoas que merecem (e que são) o melhor que se pode ter. A ti, um beijo, Sara.

quinta-feira, junho 22, 2006

Vontades

A vida foi feita para ser vivida. Viver é a nossa obrigação. Dizem que amar é viver. Eu vivo, sempre vivi e nunca renunciarei à vida. Frases soltas perdidas em vontades, pensamentos batidos, gastos pela repetição até à exaustão que a mente aprisionada teima em tentar usar para quebrar as barras que formam esta jaula claustrofóbica. Diz-me, explica-me, elucida-me. Diz-me as noites em branco que passas por mim, explica-me porque me tiras do sério, elucida-me sobre o amor que transborda desse coração. Ensina-me a entregar-me, a viver e a aprender. Fala-me do sofrimento que é estar longe, não me ver e nao me sentir. E no fim... no fim, mata-me. Mata-me e conta-me porque não és capaz de sentir nada disto.

O amor foi feito para ser vivido, nunca escondido.

terça-feira, junho 20, 2006

Falta


Cavas abismos que não consigo saltar, contróis muralhas que não consigo escalar. Deixas-me aqui, com esta música que é tua, e com este desejo, também ele, teu. Não tenho por norma segurá-lo, mas desta vez abro uma excepção. Aprisiono-o. Não sairá daqui sem ordem em contrário. Hoje, vais morrer aí dentro, porque quem escolhe o que quero ainda sou eu! Os milímetros cúbicos desta sala não chegavam para contar as noites que esperei por ti. Ou as vidas que perderia por ti. Não me importa se o desejo me corrói por dentro, já me decidi, hoje não lhe dou forças para me possuir. Amanhã talvez, depois quem sabe, já cá estarás. Esta falta que me fazes, nunca a compares com a sede no deserto, há sempre um oásis quando se está a desfalecer, mas tu... tu nunca me matas a sede. E tanta que ela é, debaixo deste sol impiedoso. Se o desejo fosse avaliado em moedas, eu seria o Fort Knox e tu o meu porquinho mealheiro, tão pobre como o dono.

Noite


Gosto da noite como ela é. A falta de luz esconde beijos escondidos, segredos confiados. A vida tem mais brilho à noite. Tomar café com um grupo de amigos sabe melhor à noite. Ficar embriagado sabe melhor à noite. Fazer amor sabe melhor à noite. Um dia mudarei o mundo e farei com que todo o mundo troque os turnos. Dormirão de dia para viver a noite como eu a vivo. Aprenderão a adorar as estrelas e confiar-lhes histórias de amor em vez de olharem para o sol e correrem para a praia. Inventarão constelações em vez de imaginarem bonecos nas nuvens. Aprenderão a adorar o nascer do sol em detrimento do pôr do mesmo. Preferirão umas férias na montanha, a respirar ar puro e a tocar um céu estrelado a uma semana num paraíso balnear. Darão um valor indomável a quem vos acompanhar nesta mudança, porque a mudança é sempre vista com maus olhos, mesmo quando necessária. E a verdade é que tudo se treina, até o coração.

Entrega

Amar dói. É difícil ter vontade de estar com quem mais gostamos, entregar-nos e gozar uma tarde, uma noite, um dia, uma semana de prazer. Unir dois corpos num só é acto de pura sujidade, declarações fazem-me comichão atrás das orelhas, fugir e cometer loucuras é para quem não está bom da cabeça. Dormir onde bem calhar, agarrado à melhor das companhias é coisa de gente burrinha. Esquecer o estudo por um dia e aproveitar os prazeres da vida é para os irresponsáveis. Bom bom é a nossa casinha, o miminho do papá e a caminha quentinha.
Desculpa acordar-te pequenina, mas queria ser o primeiro a dar-te os parabéns pelo teu 29º aniversário. Vá, agora toca a sair da alcofa e a dar os primeiros passos...

segunda-feira, junho 19, 2006

Depilação


Pego na pinça, preparo-me para o ritual mensal. Um a um, os milhões de poros vão poder respirar outra vez. Em cada um guardei uma dose de dor, como que a castigar cada erro que tenha feito desde a última depilação. É um dia reservado à reflexão. Cada dor sentida reflecte um erro. Uns doem mais, outros menos... Uns sentem-se durante mais tempo, outros passam logo. Alguns nem sentimos, até. Mas todos eles têm algo em comum: no fim, todos eles deixam marca. O vermelhão não desaparece logo, demora mais em certas zonas, em certos erros. Conversa-se com uns cremes hidratantes, trocam-se opiniões com uns arranhões quando há comichões, para ajudar a ultrapassar e tudo se resolve. Infeliz o Homem que não faça a depilação, viver e não conhecer a dor do erro é como caminhar sem saber mexer as pernas.

Angry

A revolta decidiu-se. Não quer nem vai sair. Já a avisei, vai-se magoar. O esófago nunca foi bom alojador de agonias. Nunca vai conseguir conjugar o transporte de alimentos até ao estômago com uma residência a desejos perdidos no tempo. Sai, ordeno-te eu! Não... vais continuar a atormentar esse pobre organismo com essa angústia. Cospe de vez o vazio que sentes, o domínio que te enfraquece a cada dia. Solta essa revolta pela tão falada reciprocidade não passar de isso mesmo, meia dúzia de palavras. Pega no mundo com uma mão, com a outra vai ao esófago, liberta essa revolta e atira-a contra o globo. Com sorte, tudo cairá a teus pés.

Gostos Trancados

Gosto de músicas marcantes, que cantem uma relação, que unam casais. De prendinhas lembradas por meses e de "gosto de ti" a meio da noite. Gosto de passeios à beira mar, de abraços e de mão dada. Gosto de beijos no meio da multidão e de actos de amor espontâneos. Gosto de surpresas e noites loucas. Gosto de apreciar um por-do-sol acompanhado por um miminho e de umas férias numa casa a dois. Gosto de projectar uma vida cheia de filhos e amor eterno. Gosto de promessas e vontades descontroladas. Gosto de quem faça tudo por mim e de quem me dê mais do que aquilo que eu lhe dou. Gosto de me sentir desejado e amado.
Está mais que provado... as pessoas só gostam daquilo que não têm.

Visões

- Hoje vi-me, gostei.

- Um espelho não te mostra no teu todo.

- Ninguém disse que me vi a um espelho.

- Então?

- Vi-me nas minhas acções e sentimentos. Se gostar do que faço e do que sinto, gosto de mim.

- Sim, concordo. Mas isso aconteceu hoje porquê?

- Não tenho a certeza, mas se perguntares a um cego se gostaria de ver, a resposta não é impossível de prever. Ás vezes fico cego por muito tempo, faz bem abrir os olhos de vez em quando, para respirar as paisagens que me rodeiam.

- Faço o contrário; Vivo de olhos abertos. Fecho-os esporadicamente, só para descansar este lado sóbrio.

- Fazes mal. Adoro a adrenalina da vida, viver tudo com a máxima intensidade. Não tenho medo, bem pelo contrário, quero sempre mais.

- Essa adrenalina pode levar-te a asneiras que não cometerias caso ainda possuísses a visão.

- Mesmo vendo, há asneiras inevitáveis. Não tenho problemas em errar mais vezes que tu devido à falta de visão, faço porque quero e porque gosto. E a verdade é que quando decidir abrir os olhos, estarei bem mais preparado do que tu.

Somos




Beijos roubados em estradas desertas

Vergonhas exteriorizadas em mil situações,

Esta vontade de consumir e devorar

Aliada a um misto de sensações.

Toques desconcertantes camuflados de arrepios

Que percorrem corpos sem piedade.

Murmúrios feitos assobios

E rezas para estancarmos na nossa idade.

Sorrisos roubados por parvoíce

Desejos guardados para tempo oportuno

Pactos selados por mãos confidentes

Que fazem destes corações tão doentes.

Danças exóticas que renovam o espírito

Numa junção de cores, estilos e sentimentos

Ancas que nunca se separam

Guardiãs de segredos e momentos.

Somos um “gosto de ti” e um “te beijava”

Um abraço apertado, um beijo sentido

Sou eu, o eterno menino

O que sempre soube que de ti gostava.

Bom Dia

Privilegio a originalidade. Tudo o que faço tem de ter um toque bem pessoal, caso contrário não valeria a pena fazê-lo. Mas como é possível ser-se original num mundo em que tudo foi já descoberto, refutado, reformulado, apreciado e aprovado? Tentativas frustradas, são tudo o que nos resta, para, neste esforço de criação, tentar chegar a algo que possamos dizer que ficou… bonito. Mas nunca fica bonito. Bonito é ver a perícia de quem sabe em páginas soltas, espalhadas pelo mundo. Viajar nelas e reencontrar sensações e momentos esquecidos. Só uma elite consegue transformar palavras em sensações, muitos são os que tentam, muitos são os frustrados. Mas se neste mundo não existissem tais frustrados, jamais seria dado valor aos melhores, porque os melhores só são melhores, se atrás deles estiverem os piores.

Peguei em sugestões dos melhores, fiz-me frustrado, criei o meu refúgio. Resguardo-me aqui, o frio lá fora corta, e eu não nasci para andar protegido.