segunda-feira, junho 19, 2006

Visões

- Hoje vi-me, gostei.

- Um espelho não te mostra no teu todo.

- Ninguém disse que me vi a um espelho.

- Então?

- Vi-me nas minhas acções e sentimentos. Se gostar do que faço e do que sinto, gosto de mim.

- Sim, concordo. Mas isso aconteceu hoje porquê?

- Não tenho a certeza, mas se perguntares a um cego se gostaria de ver, a resposta não é impossível de prever. Ás vezes fico cego por muito tempo, faz bem abrir os olhos de vez em quando, para respirar as paisagens que me rodeiam.

- Faço o contrário; Vivo de olhos abertos. Fecho-os esporadicamente, só para descansar este lado sóbrio.

- Fazes mal. Adoro a adrenalina da vida, viver tudo com a máxima intensidade. Não tenho medo, bem pelo contrário, quero sempre mais.

- Essa adrenalina pode levar-te a asneiras que não cometerias caso ainda possuísses a visão.

- Mesmo vendo, há asneiras inevitáveis. Não tenho problemas em errar mais vezes que tu devido à falta de visão, faço porque quero e porque gosto. E a verdade é que quando decidir abrir os olhos, estarei bem mais preparado do que tu.