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Costumo deixar no terraço do meu apartamento mil pensamentos nocturno, antes de aconchegar os mais importantes bem junto ao coração. Numa tarde, num telhado do outro lado da rua, duas pombas saltavam lado a lado. Ao lado destas, outras duas observavam o fenómeno com relativa atenção. O telhado gritava por uma reparação, o dia era cinza e a vida o costume. Centrei-me no casal. Estavam a brincar, como dois miúdos no quintal dos avós. Depois de muitos saltos, encontrões, pinos e cambalhotas, a poeira lá assentou e ficaram lado a lado, certamente estafados, de bico encostado. Os outros dois espectadores la continuavam e o resto da plateia ia sendo costituída por mim e pelo resto dos pombos que voava lá perto. Pensei em nós, comuns mortais. Não podiamos ser assim? A vontade de captar o momento era enorme. Mas não havia máquina fotográfica por perto e a qualidade do telemóvel não era a melhor. Guardei a imagem no peito, junto ás recordações que interessam. Pensei que um dia pudesse ser inventado algo que revele imagens guardadas na memória. Ou no coração. Hoje esbarrei numa coisa engraçada e lembrei-me de partilhar. O pouco que escrevo sobre a interpretação do momento tem por finalidade não fechar portas a demais interpretações. Cada um com a sua, todas válidas. Viver é o slogan da vida. Cá está a coisa com que esbarrei:
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