sexta-feira, setembro 01, 2006

Dia de passeio.


Pergunto-me se algum dia me verás como eu te vejo a ti, naquele altar que ninguém toca nem conhece. Do alto da torre que construíste, vês-me, no meio da multidão, lá no canto escondido, a murmurar as minhas histerias? Olhas de soslaio mas devias de pronto o olhar, não vá o cupido fazer das dele e obrigar-te a fazer aquele esforço, a que chamam amar, por mim. Não está nos teus planos abdicares das tuas regalias de princesa pelo homem que entrega jornais à quinta, trabalha nas máquinas à segunda e pastoreia aos fins de semana. Já o homenzinho abdicava da quinta que estima desde a adolescência, do casebre de madeira feito por ele próprio com 11 anos e do bolo de chocolate que a mãe tem sempre pronto ao domingo à noite, tudo por ti. A relação dar/receber nunca foi justa, porque haveria de ser diferente no Amor? Pergunto-me se algum dia me verás como eu te vejo a ti...