Esquizofrenia Utópica
Era uma vez dois amigos, muito amigos, que tinham duas amigas, muito amigas. A amiga do primeiro menino sabia ser querida, gostava mesmo muito dele. Era capaz de tudo só para o ouvir falar. Mimava-o, estimava-o e fazia-o sentir-se mesmo bem consigo próprio. Fazia-o sentir-se amado. Gostavam de aproveitar tudo o que a vida lhes dava sem perguntar porquê. Deixavam o amanhã para depois e guardavam o passado para o dia de ontem. Guardavam memórias em caixinhas de papel, seladas com saliva e pintadas com amor. Planeavam filhos, tios e sobrinhos. Viam-se, velhos, a discutir porque um deles queria ver a novela e o outro um programa de entertenimento. Viam-se, adultos, cheios de trabalho mas sempre com um sorriso na cara quando se viam. Viam-se, crianças, sem responsabilidades e sempre com vontade de "estar só mais cinco minutos". Via-se que eram tudo o que precisavam. E nada mais interessava.
O outro menino, não largava o amigo nem por nada, pois este era tudo o que ele um dia sonhava alcançar. No entanto... a esquizofrenia tem destas coisas, as personagens tendem a ser fantásticas, mas nunca reais.
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